A Verdade, a Fábula e a Mandala
- Christina Guedes

- 1 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de nov.
Há momentos em que a vida pede silêncio.
Como se fosse preciso recolher-se à caverna interior
para escutar o que as palavras ainda não sabem dizer.
Nesse espaço profundo, onde o consciente adormece e o inconsciente desperta,
nasce a imagem, o símbolo, o sonho.
É dali que brota a Mandala, espelho da alma que se organiza enquanto criamos.
O círculo nos recorda que o centro está sempre em movimento.
Criar é permitir que o gesto revele o invisível,
o que sentimos, mas ainda não nomeamos.
Entre cores, traços e pausas, algo se transforma:
a dor encontra forma, o caos ganha contorno,
e nos reencontramos com nossa própria inteireza.
A verdade nua, muitas vezes rejeitada,
encontra abrigo quando se veste com as roupas da fábula,
porque é assim que a alma suporta o real:
revestida de imaginação, poesia e sentido.
A arte, o mito e o símbolo são pontes para o que seria insuportável sem o toque do belo.
Cuidar da saúde mental é dar forma sensível ao que se sente,
em vez de apenas suportar.

A Mandala é esse espaço de passagem:
entre o dentro e o fora, o individual e o coletivo, o real e o imaginário.
Ao desenhá-la, tocamos o gesto infantil de brincar com a criação,
o mesmo que um dia nos fez curiosos diante da vida.
E é nesse brincar que a psique se renova.
Talvez a cura não esteja em compreender tudo,
mas em permitir que algo fale através de nós.
O círculo se fecha apenas para lembrar
que sempre é possível recomeçar,
com mais consciência, mais presença, mais humanidade.
“A arte veste a verdade para que a alma possa se ver.
A vida se revela na Arte de Viver. ”
Christina Guedes Lopes
Ateliê Terapêutico



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