Como nasceu meu interesse pela psicologia social e os vieses da inteligência artificial.

Meu interesse pela psicologia social e pelos vieses da inteligência artificial teve início em 2021, quando assisti a uma palestra sobre A Era do Capitalismo de Vigilância, livro de Shoshana Zuboff. Naquela época, eu começava a explorar os primeiros trabalhos com IA, ainda distante de imaginar a revolução que estava por vir com o surgimento de ferramentas como o ChatGPT.

Você já parou para pensar como a inteligência artificial está moldando nossas relações e percepções?

O livro de Zuboff rapidamente se tornou, para mim, uma espécie de " base de conhecimento sobre os dados" — ampliando minha visão de futuro e despertando uma curiosidade criativa em compreender mais profundamente os impactos das tecnologias digitais nas relações humanas e sociais.

Desde então, em apenas quatro anos, testemunhamos avanços extraordinários. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente no que diz respeito à regulamentação ética e à curadoria de dados — aspectos fundamentais para mitigar os vieses que a IA tende a retroalimentar.

Num futuro cada vez mais próximo, a interação com inteligências artificiais será parte integrante da rotina. Isso exigirá não apenas habilidades técnicas, mas também uma nova disposição para criar e sustentar diálogos com essas tecnologias — especialmente com as IAs generativas.

Nesse novo cenário, estar consciente de si mesmo não se resume ao acúmulo de informações. Trata-se de cultivar a sabedoria necessária para dialogar com o conhecimento, preservando e fortalecendo a essência humana em meio ao ruído digital.

Precisamos estar atentos à forma como nos relacionamos com a IA. Um diálogo consciente pode extrair o melhor que a tecnologia tem a oferecer. Por outro lado, se escolhermos o caminho da negação ou da passividade, corremos o risco de sermos levados pelas influências das massas e dos algoritmos.

Acredito que o autoconhecimento é, hoje, um dos principais pilares para viver com mais presença, discernimento e vitalidade em tempos de transformações aceleradas.

Christina Guedes

Psicanalista