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Boas lembranças

  • Foto do escritor: Christina Guedes
    Christina Guedes
  • 7 de mai.
  • 1 min de leitura

Por Christina Guedes

Cuidar da saúde mental é reconectar-se com o que não cabe em postagens, apenas na experiência vivida.

Quando tudo era simples...

Lembro do som das risadas soltas, da correria no quintal, das palavras que não precisavam ser medidas. Uma inocência que não buscava aplauso, nem curtidas — apenas acontecia. Boas lembranças moram nesse lugar onde a alma não tem medo de se mostrar inteira.


Era bonito porque era de verdade. E era de verdade porque não precisava ser visto.


A tela como disfarce...

Hoje, muitos sorrisos nascem para a câmera. Os gestos ganham legenda. As relações, filtro. O mundo nos educa a performar — até o afeto se torna estratégia.

Quantas vezes deixamos de viver algo espontâneo para garantir uma boa exposição?

Editamos até o silêncio.


Mas há algo que não se pode capturar: o instante vivido sem defesa, a palavra que escapa do script, o olhar que diz mais do que mil stories. E é aí que mora a verdade — aquela que o algoritmo não reconhece, mas o inconsciente sim.


O que a clínica nos ensina...

Na escuta analítica, esse tipo de verdade aparece de mansinho. Num silêncio que se impõe. Numa associação inesperada. Num gesto não interpretado — apenas acolhido.

Cabe ao analista reconhecer o que não pode ser ensinado, só vivido.

Ser presença é, muitas vezes, sustentar o que não se pode nomear.


Cuidar da saúde mental é resgatar o que não se pode posta e só vivenciado.




Christina Guedes

Psicanalista

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